sábado, 31 de agosto de 2013


A FÉNIX
Fénix, é uma ave fabulosa caracterizada pelo seu poder de renascer após se ter consumido sobre o efeito dos raios do sol e, que simboliza os ciclos da morte, da ressurreição, da renascença.
Autores da antiguidade pensavam mesmo que a Fénix existia : outros, ser apenas uma lenda, enquanto alguns escritores  cristãos seguiram a tradição do paganismo au sujeito da Fénix, e adotaram-na como símbolo da ressurreição.
Nas moedas imperiais romanas por vezes também é representada com a cabeça encimada por raios que simbolizam a eternidade, prosperidade e continuidade.
A Fénix aparece com muita frequência nas moedas de Constantino I o Grande, assim como nas dos seus filhos, que seguiram o exemplo dos príncipes e princesas do alto Império, para designar a eternidade do Império e dos seus  príncipes, elevados ao mais alto nível: Deuses imortais, (Como esta ave considerada eterna).
Este símbolo aparece igualmente em moedas de outros imperadores como Trajano, em sestércios de Faustina I, nas quais  podemos ver a Aeternitas com um globo encimado com a Fénix, ou ainda uma figura feminina sentada com uma Fénix na mão direita.
A Fénix não significa apenas a eternidade, mas também a esperança por dias melhores, porque o pássaro era suposto renascer das suas cinzas.
Este mito cuja origem é muito antiga, rejuvenesceu no século IV, ao ser utilizado como símbolo da restauração ou renascença no reverso das  moedas FEL TEMP REPARATIO (o retorno dos tempos felizes) como podemos ver nas moedas de Constantino o Jovem: uma figura militar segurando a Fénix, e não a tradicional Vitória, ou ainda uma divindade para Constantino I.
Por vezes também é representada sobre uma montanha, uma rocha, um globo, um ramo, ou ainda sobre piras funerárias.
Dizia-se que as cinzas da Fénix tinham o poder de ressuscitar um morto. O imperador Heliogábalo que pretendia alcançar a imortalidade decidiu comer carne de Fénix mas, enganado comeu carne da ave-do-paraíso e pouco tempo depois foi assassinado.

 Trajano-Áureo, Roma 118
Anv. Busto de Trajano laureado e drapeado à direita.
DIVO TAIANO PARTH AVG PATRI
Rev. A Fénix com o nimbo à direita.
 Ref. RIC 28, Cohen 659, BMC 49
(Nimbo: disco luminoso que os imperadores romanos divinizados utilizavam na cabeça. Mais tarde, atribuído a Cristo e aos santos.

Antonino Pio-Tetradracma, Alexandria 138-139
Anv. Busto de Antonino laureado e drapeado à direita.
AVT K T AIɅ AΔP ANTΩNINOC EY CEB
Rev. A Fénix com o nimbo radiado na cabeça à direita  AIWN  L
Ref. Milne 1602, Emmett 1419.

 Faustina- Sestércio, sob Antonino Pio em 141
Anv. Busto de Faustina drapeado à direita.
DIVA FAVSTINA
Rev. Aeternitas com um globe na mão direita encimado com a Fénix
AETERNITAS  SC
Ref. RIC 1105, Cohen 12, BMC 1490

 Volusiano-Áureo 251-253
Anv. Busto de Volusiano laureado e drapeado à direita.
CAE C VIB VOLVSIANO AVG
Rev. Aeternitas com um globo na mão direita encimado com a Fénix
AETERNITAS AVGG   
Ref. RIC 154, Cohen 10, Calicó 3349, Delbruek pl. 11,3

 Constantino I, Tessalónia –Follis 317-318
Anv. Cabeça de Constantino laureada à direita.
IMP CONSTANTINVS P F AVG
Rev. Júpiter com bastião e um globo encimado com a Fénix.
IOVI CONS-ERVATORI   TS
Ref. RIC VII 19

 Constante II –Síscia, Follis 348-350
Anv. Busto de Constante laureado e drapeado à direita.
DN CONSTA-NS PF AVG
Rev. A Fénix com nimbo radiado na cabeça, empoleirada numa pirâmide.
FEL TEMP REPARATIO SIS
 Ref. RIC VIII 232

 Constante II –Tréves, Follis 348-351
Anv. Busto de Constâncio laureado e drapeado à direita.
DN CONSTA-NS PF AVG
Rev. A Fénis sobre um globo, com um nimbo radiado na cabeça.
FEL TEMP REPARATIO TRS
Ref. RIC  VIII 222, Trier  93

 Fénix na pira funerária

GRÉCIA

A Fénix foi a primeira moeda da Grécia moderna.
Adotada aquando da primeira Assembleia Nacional de Argos, foi introduzida no sistema monetário grego no dia 1 de outubro de 1828, por Ioánnis Kapodístrias e subdividido em 100 leptas, (cêntimos).
(Conde Ioánnis Kapodístrias : primeiro ministro da Grécia independente  entre 1827 e 9 de Outubro de 1831. Também é considerado o primeiro chefe do Estado da Grécia.)

 Grécia, 1 Fénix 1828
Anv. A Fénix no ninho, cruz e legenda.
Rev. Valor dentro de uma coroa, data e legenda. 

 Grécia,  10 Leptas 1831
Anv. A Fénix no ninho, cruz e legenda .
Rev. Valor dentro de uma coroa, data e legenda.  

O seu nome faz referência ao fabuloso pássaro“Fénix”, que  simbolizava  o renascimento da Grécia, e substituiu o kurus turco com o valor de 6/1, seis por um.
Apenas um pequeno número destas moedas saíu à circulação e,  grande parte das  transações continuavam a fazer-se em moeda estrangeira.
Devido à falta de metal para cunhagens, o governo criou em 1831 uma nota com o valor de  300 000 Fénix, sem todavia ter as reservas necessárias.
Maciçamente rejeitada pela população, a Fénix foi substituída aquando da reforma monetária de 1832, pelo apaxmai ou dracma com o mesmo valor.

 Grécia 20 Apaxmai (dracmas) 1973
Anv. A Fénix, legenda e data.
Rev. Atena com capacete ateniense e valor.
(Atena aparece com muita frequência com capacete coríntio)


 Anv. Busto do rei à esquerda data e legenda.
Rev. A Fénix, soldado, valor e legenda.

Moedas de 1 Apaxmai  e 50 leptas comemorativas com a efígie do rei Constantino II, exilado desde o fracasso do seu contra golpe de Estado do 13 de abril de 1967.
O regime dos “Coronéis” que ficou a dirigir o  país, proclamou finalmente a República em 1973.

   1 Apaxmai 1973
Anv. Mocho e valor.
Rev. A Fénix, legenda e data.

 50 Lepta
Anv. A Fénix, legenda e data
Rev. Valor

ITÁLIA
 Carlo III de Borbone (rei de Espanha)
Onça de ouro cunhada em Palermo em 1739
Anv. Busto de Carlo laureado à direita
CAR. D. G. SIC. ET. HIER. HIS. IN.
Rev. A Fénix em chamas sob o efeito do sol
RESV-RGIT 1739 

  Itália, Sicília, reino de Ferdinand III, 30 tari 1793
Anv. busto de Ferdinand à direita,
AFERDINAND D. G. SICIL. ET. HIER. REX.
(em letra minúscula) T 30
Rev. A Fénix no ninho e data
EX. AVRO. ARGENTEA. RE-SURGIT

PORTUGAL
 Medalha de bronze comemorativa do quinquagésimo aniversário
da Fundação do Instituto Português de Heráldica
Anv. a Fénix voando para a esquerda, e as datas 1929 e 1979
MCMXXIX – MCMLXXIX
Rev. Duas asas, elmo e brasão com uma Fénix coroada
INSTITVTO PORTVCALENSI HERALDICÆ CONDITO
QVINQVAGESIMO EXEVNTE ANNO AB

Constituída em 1929, esta instituição tem como presidente honorário D. Duarte Duque de Bragança,
e presidente efetivo Miguel Metelo de Seixas.

 Medalha- francesa
Anv. Anv. A Fénix no ninho
E CINERO SUO REDIVIVUS  22 DE  JUILLET 1818
Rev. COMPAGNIE D’ASSURANCE MUTUELLE CONTRE L’INCENDIE
Ao centro  e dentro de uma coroa de oliveira, a legenda
SEINE EXTERIEURE ET EURE.

CHINA
 Moeda conhecida por Feng Shui
Feng-Fénix – Shui-dragão

FengHuang ou Fenix chinês,(ao masculino)segundo antigas crenças é o rei de todas as aves, e o seu corpo simboliza os corpos celestes.
A cabeça é o céu, os olhos o sol, a parte traseira a lua, as asas são o vento, os pés a terra e a cauda os planetas.
As suas penas contêm as cinco cores fundamentais : roxo, branco, vermelho azul e amarelo.
O FengHuang tem conotações muito positivas. É um símbolo de virtude e de graça que simboliza a união do yin e do yang.
A tradição cosmológica chinesa atribui grande importância aos dois princípios complementares do yin e yang.
Tudo o que é passivo, negativo, escuro e feminino é yin.
O que é ativo, positivo brilhante e masculino é yanh.
Além do já mencionado, a cada parte do seu corpo ainda lhe são atribuídos outros símbolos : à cabeça a virtude, às asas o dever, ao dorso a conveniência, ao abdómem a crença e ao peito a compaixão.
(O FengHuang apareceu ao imperador chinês Huang Di, por cerca do ano 2 600 a.C..
É conhecido  como o imperador Amarelo.)
Tal como o ki-lin, (o unicórnio chinês), FengHuang só aparecia em tempo de paz e prosperidade, geralmente quando algum imperador bom subia ao trono.
É uma das quatro criaturas celestes que os chiness acreditavam que criou o mundo.
(Os outros três são: o dragão, o onicórnio e a tartaruga).

 Fénix na pira funerária

Após a criação do mundo, os céus foram divididos em quatro quadrantes, um para cada criatura : norte, sul, este e oueste.
FengHuang governou o quadrante sul do céu que representava o verão, e portanto o sol.
FengHuang também é chamado o imperador das aves, pois todas as aves do céu o seguiam para lhe prestarem homenagem.
Na mitologia chinesa o aparecimento da Fénix presagiava sempre um evento importante.
Outra lenda diz-nos que este pássaro (nativo da Etiópia), está associado à adoração do sol, especialmente no antigo Egito e antiguidade clássica.
A Fénis seria  mais ou menos do tamanho de uma águia, com penas vermelhas, azuis e douradas : o seu aspecto era esplêndido.
No mundo só podia existir uma Fénix, que vivia durante longos anos e, não existe nenhum documento escrito, que menciona uma duração de vida  inferior a quinhentos anos.
Incapaz de se reproduzir, ao pressentir o fim da sua vida construía um ninho com ramos aromáticos, no qual depois de se instalar, com o calor dos raios do sol incendiava e era consumida pelas chamas.
Das cinzas, renascia então uma nova Fénix.
   
 Fénix a ser consumida pelas chamas

Segundo outra versão, a nova Fénix nascida do sémem do genitor, metia o cadáver do pai num tronco de mirra oco, e levava-o até ao norte do Egito, Heliópolis: onde depois de o colocar no templo do Sol, era solenemente cremado pelos sacerdotes.
O culto do Sol no Egito estava relacionado com o Bennu “garça” uma ave que simbolizava para os defuntos o sol nascente e a vida no outro mundo.
A lenda da Fénix terá vindo do Oriente e, incorporada ao culto egípcio   pelos sacerdotes do templo de Héliopolis.
A adoção deste mito, permitiu a ligação entre a Fénix e a palmeira, árvore que durante muito tempo esteve associada ao culto solar dos egípcios.
Para os astrólogos, o nascimento de uma Fénix marcava o início duma rovolução sideral e, simbolizava a imortalidade.
Foi assim que Roma sempre a rejuvenescer, foi comparada com a Fénix, e esta começou a ser cunhada em moedas do Baixo Império, como emblema da cidade eterna.  
Esta lenda, também é muitas vezes interpretada como uma alegória da ressurreição e da sobrevivência da alma : temas que se desenvolveram  com o cristianismo emergente.
Na mitologia islâmica, a Fénix está identificada com “anqa” (simurgh persa), um pássaro grande e misterioso (talvez uma “garça”), dotado com todas as perfeições : mais tarde tornou-se um flagelo e mataram-na.

MGeada

Bibliografia

Biblioteca Wikipédia
Heródoto. Histories, 2,73
Life of Apollonius of Tyana 3.49
Metamorfoses 15.385