quinta-feira, 15 de dezembro de 2022


Sol Invictvs “Sol Invencível”
(A data do 25 de dezembro para comemorar o dia de Natal, foi escolhida para coincidir com as festividades romanas do “Dies Natalis Solis Invicti”: dia do nascimento do Sol Invencível.

Considerado um deus do Baixo império romano (235-476),  o Deus Sol já apareceu representado numa onça romana por volta dos anos 217-215 a.C..

Durante o período republicano (509-27 a.C.), e Alto império, muitos monetários e imperadores representaram o Sol nas suas cunhagens, (como alegória) mas a legenda “SOLI INVICTO” (como Deus Sol), só apareceu a partir da segunda metade do século III.

Anónimo-Onça cunhada em Roma por volta de 217-215 a.C.
Anv. O Sol de frente com coroa radiada
Rev. Duas estrelas e quarto de lua,  ROMA
(Ref. RRC-39/4, RIC I-614)

Marcus Aburius Geminus (monetário)-Denário cunhado em Roma  em 132 a.C.
Anv. Roma com capacete à direita, GEM  XVI
Rev. O Sol conduzindo a quadriga solar,
MABIR ROMA
(Ref. CR-250, Sydenham-487)
Cunhado no ano 132, este denário é considerado a primeira moeda romana a representar a quadriga solar.

Aqui a inconografia retrata o Deus Sol, o equivalente de Hélios deus grego, na sua primeira e principal função, conduzir o carro solar (durante o dia), do Oriente para Ocidente para levar luz e calor à terra e aos homens.

No início simples personificação do astro brilhante, o Sol: o Deus Sol Hélios vai enriquecer ao contato com filósofos helenísticos (estoícismo) e dos cultos orientais (Mitra) para resultar na figura sincrética SOL INVICTVS no terceiro século da nossa era.

Marcus Aquillius (monetário)-Denário cunhado em Roma 109-108 a.C.
Anv. O Sol com coroa radiada à direita,  X
Rev. A Deusa Lua conduzindo uma biga, quarto de lua e 4 estrelas,  AQUIL ROMA
(Ref. Crawford-303/1, Sydenham-557)

No fim da República Romana, encontramos grande variedade de temas nos denários.
Aqui a associação do Sol com a  Lua, o divino casal astral a gerir a regularidade cíclica do tempo.

No reverso, é possível que as quatro estrelas representem alguma constelação?

Lucius Lucrectius Trio (monetário) -Denário cunhado em Roma em 76 a.C.
Anv. O Sol com coroa radiada à direita,
Rev. TRIO dentro de um quarto de lua, L LVCRETI, 7 estrelas
(Ref. RRC-390/1, RCV 1-4307)

A associação das duas grandes fontes luminosas da abóbada celeste Sol e Lua com as sete estrelas, é um esquema cósmico muito antigo, talvez ligado à etrenidade e à era dourada (ou idade dourada).

C. Coelius Caldus (monetário)-Denário cunhado em Roma em 51 a.C.
Anv. C Coelius à direita,
C COEL CALDVS,
Rev. O Sol com coroa radiada à direita,
(Crawford-437, Sydenham-892, RRC-437/1-403)

P. Clodius Turrinus (monetário)-Denário cunhado em Roma em 42 a.C.
Anv. O Sol com coroa radiada à direita
Rev. Quarto de lua, 5 estrelas,
P CLODIVS   M. F.
(Ref. Crawford-494/21, Sydenha-115, RRC-494/20b, RCV 1-14)

No ano 42 a.C., provavelmente inspirado pelo retrato de Hélios que adornava as moedas de Rodes no período helenístico, o triunvirado monetário Lucius Mussidius Longus cunhou denários em Roma representado o busto radiado do Sol ¾ de frente.

Segundo algumas interpretações, a presença do Sol nesta moeda pode significar a divinização de César, desejada por Marco António no ano 42 a.C., ou então um sacerdócio do triunvirado dedicado ao culto do Sol?

L. Mussidius Longus (triunvirado monetário)-Denário cunhado em Roma em 42 a.C.
Anv. O Sol ¾ de frente com coroa radiada
Rev. Duas estátuas de Vénus Cloacina numa plataforma,
MVSSIDIVS LONGVS CLOACIN
(Ref. Crawford-494/43ª, Sydenha-1094, RRC 1-491)  

Marco António-Denário cunhado em Roma, outono do ano 42 a.C.
Anv. Marco António à direita,
M ANTONI IMP,
Rev. O Sol no interior dum templo distilo,
III VIR R. P. C
(Ref. Crawford-496/1, Sydenha-1168)
(Ainda não se encontrou nenhum vestígio deste templo) 

A imagem do Sol (Oriente) aparece por vezes em busto no reverso de raras moedas.
Este culto um pouco tardio, vai ter a sua apogeo no decurso do século III.

Marco António (triunvirado)-Denário cunhado em Roma em 42 a.C.
Anv. Marco António à direita e lítuo´,
Rev. O Sol com coroa radiada à direita,
M ANTONNIVS III VIR R P
(Ref. Crawford-496/2, CRI-127, RCS-68, Sydenha-1170)

Marco António-Denário cunhado em Roma em 38/37 a.C.
(Cunhado pelo triunvirado Lucius Mussidius Longus)
Anv. O Sol com coroa radiada à direita,
M ANTONIVS M N AVG R IM TER
Rev. Marco António velado e vestido com a toga, com um lítuo na mão direita,
III VIR  R P C COS DESIG ITER ET TER
Ref. Crawford-533/2, Sydenha-1199)

No reverso deste denário, Marco António vestido com a toga e velado como os sacerdotes, mostra o lítuo, “bastão sagrado dos áugures”, e na outra face a cabeça radiada do Sol vista de lado.

A divindade faz recordar a política oriental de Marco António, a sua aproximação de Cleópatra VII rainha do Egito, e a sua assimilação a Alexandre o Grande em Hélios.
Os seus filhos terão os nomes de Alexandre “Hélios” e Cleópatra “Selene”, o Sol e a Lua dos gregos de Alexandria.

L. Aquillius Florus (monetário, para Augusto)
Denário cunhado em Roma em 19-18 a.C.
Anv. O Sol com coroa radiada à direita,
L AQVILLIVS FLORVS III VIR
Rev. Quadriga puxando um carro em forma de módio, com três espigas,
CAESAR AVGVSTVS  S C
(Ref. RIC-313, BMC-55.C.429, RCV 1- 1601)
(Módio: antiga medida de capacidade entre os romanos que equivalia aproximadamente ao
alqueire)

O imperador Aureliano (270-275), fez do Sol o culto oficial em Roma, sem por isso proibir outros cultos tradicionais romanos.
Todavia não sabemos se o novo Deus era uma reformulação do antigo culto latino do Sol, a renascença do culto solar de Heliogábalo, ou um culto completamente novo.

No reinado de Septímio Severo (193-211), magnificas moedas de ouro legendadas “Concordiae Aeternae”, são ornamentadas com os bustos do imperador e sua esposa Júlia Domna.
Septímio com coroa radiada símbolo do Sol, e Júlia com uma coroa encimada com um quarto de lua, símbolo da Lua.

Septímio Severo (atribuído a Caracala)-Áureo cunhado em Roma em 201
Rev. Caracala laureado e drapeado à direita,
ANTONINVS PIVS AVG PO PON TR  P III
Rev. Bustos de Septímio Severo representação do deus Sol, e Júlia Domna a deusa Lua.
(Septímio associou o filho ao governo quando este contava apenas 13anos de idade)
(Ref. RIC (Caracala)-52, BMC/re-260, RCV-6519)

O casal astral Sol/Lua representa a eternidade do tempo.

Heliogábalo (218-222) e o culto do Sol

O primeiro deus solar explicitamente qualificado foi o deus provincial sírio Héliogábalo.
Segundo a história de Augusto, o jovem herdeiro da dinastia dos Severos (Sexto Vário Avito Bassiano (Heliogbálo)), ao tornar-se imperador adotou o nome de Marco Aurélio António, e levou a pedra negra (o Bétilo) de Emeso para Roma.

Logo que foi nomeado imperador, Heliogábalo negligenciou as religiões tradicionais romanas e declarou o seu “culto solar”, como religião principal do Império.
(O cognome de Heliogábalo só o recebeu após a a sua morte (em 222)).

Heliogábalo-Áureo cunhado em Antioquia em 221-222
Anv. Heliogábalo laureado e drapeado à direita,
IMP C MAVR ANTONIVS P F AVG
Rev. Quadriga com o Bétilo (o Deus Sol) e 4 guarda-sóis,
SANCT DEO ELAGABAL
(Ref. RIC-196a)

Heliogábalo-Denário cunhado em Antioquia 221-222
Anv. Heliogábalo laureado e drapeado à direita,
IMP ANTONINVS PIVS AVG
Rev. Heliogábalo com uma pátera sacrificando em honra do Deus Sol,
SACERD  DEI SOLLIS ELAGAB
(Ref. RIC-246, BMCRE-226, rsc-246, RCTV-7542)

Nos reinados de Quieto, Macrino, Galiano e outros, o Sol Invicto divindade à qual o cristianismo de Constantino I se apoiou, aparece com muita frequência na numismática romana.

Algumas moedas (raras) apresentam uma linguagem “solar” mais complexa.
Os áureos de Póstumo com a legenda CLARITAS AVG cunhados em Tréveris e Colônia, põem em cena os casais Póstumo-Hércules no anverso e Sol-Lua no reverso, metáfora dum imperador e da sua divindade particular, guiados e protegidos por astros com propriedades luminosas e salvadoras.
(Colónia: eram estabelecimentos criados pelo Estado Romano para controlar um território recentemente conquistado(exemplo Colonia Agrippinensis- Colónia Agripina)).

Póstumo-Áureo cunhado em Colônia 260-269
Anv. Bustos de Póstumo e Hércules laureados,
POSTVMVS PIVS FELIX AVG
Rev. O Deus Sol com coroa radiada, e a Deusa Lua
com uma coroa encimada com um quarto de lua,
CLARITAS AVG
(Ref. RIC V2- 260, Cohen12-5,42)

Quieto (Titus Fulvius Lunius Quietus)
Antoniniano cunhado na Síria em 260-261
Anv. Quieto com coroa radiada e drapeado à direita,
IM C FVL QVIETVS PF AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um globo na esquerda,
SOL INVICTO
(Ref. RIC V-2, Sear-3398)

Macrino-Antoniniano cunhado em Samósata em 260-261
Anv. Macrino com coroa radiada e drapeado à direita,
IMP C FVL MACRINVS P F AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um globo na esquerda,
SOLI INVICTO
(Ref. RIC-12, C 12, MIR-174 1k)

Galiano-Antoniniano cunhado em Antioquia em 265
Anv. Galiano com coroa radiada e drapeado à direita,
GALLIENVS   AVG
Rev. O Sol com um globo na mão direita e um chicote na esquerda.
SOLI INVICTO
(Ref. RIC-658, Goebel-1659g, Sear-10364)

Vitorino-Antoniniano cunhado na colónia Agripina em 268-270
Anv. Vitorino com coroa radiada  e drapeado à direita,
IMP C VITORINVS PF AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um chicote na esquerda,
INVICTVS
(Ref. RIC V-2 Colônia 114, Elmer-683, Sear-11170)

Cláudio II (o Gótico)-Antoniniano cunhado em Antioquia 268-270
Anv. Cláudio com coroa radiada e drapeado à esquerda,
IMP C CLAVDIVS AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um chicote na esquerda,
SOL AVG
(Ref. RIC-221)

Aureliano e o SOLI INVICTO

Após as suas vitórias no Oriente, o imperador Aureliano reformou o culto do Sol e proclamou o deus solar, a principal divindade do Império.

O século III, foi um período de grande turbulência religiosa.
Com o surgimento do cristianismo, imperadores tais como Trajano Décio ou Valeriano, adotaram uma política de repressão para restaurar a supremacia da religião tradicional romana, mas sem êxito.

Político hábil, Aureliano compreendeu o interesse de fundar uma nova ordem moral fundada na supremacia dum ser supremo. O SOLI INVICTO.

De fato, a imagem do Sol oferece a vantagem de representar o Panteão Romano, e crenças de inspiração oriental, como o “mitraismo” muito popular nos círculos militares.

Desejando a unidade religiosa dos romanos, Aureliano pôs o Império sob a proteção do Deus Sol, cuja luz é fonte de vida para o mundo.

No regreso das suas campanhas vitoriosas em Palmira, construiu em Roma no Campo de Marte, um templo em honra do SOL INVICTO, e instituiu jogos em honra do Deus realizados todos os quatro anos, a partir do ano 274.

Foi igualmente o imperador Aureliano que estabeleceu a data do 25 de dezembro (data do solstício do inverno no calendário Juliano) como o nascimento do Deus Supremo: O SOL.

Naquela ocasião os representantes do culto que eram apenas simples sacerdotes, passaram a ser pontífices, e membros do colégio dos pontífices estabelecido por Aureliano.
Cada membro do colégio também fazia parte da elite senatorial, e indica-nos que a função de sacerdote do culto era muito prestigiosa.

A identidade do Deus Sol de Aureliano foi assunto de muitas divergências.
Tendo como fundamento algumas passagens da História de Augusto, há quem afirme que o Sol de Aureliano foi inspirado no Deus Sol do Heliogábalo de Emeso.

Outros com base nos testes de Zósimo, sugerem que este culto teve como fundamento Hélios o Deus Sol de Palmira.
Esta hipótese deve-se ao fato de Aureliano ter consagrado uma estátua de Hélios, que tinha tomado no templo do Deus Sol de Palmira, aquando da conquista desta cidade.

Aureliano-Antoniniano cunhado na Sérdica,(Sófia-Bulgária)em 270-275
Anv. Aureliano com coroa radiada e drapeado à direita,
IMP AVRELIANVS AVG
Rev. O Sol com um globo na mão esquerda espezinhando um dos dois cativos,
SOLI INVICTO  XXIS
(Ref. RIC-308, Cohen-236, Sear-11610v)

Em todos os casos, o SOLI INVICTO foi bem aceite e protegido pelos imperadores após Aureliano, e aparece nas suas moedas até ao reinado do imperador Constantino I (306-337).

Probo-Antoniniano cunhado na Síscia 276-282
Anv. Probo com coroa radiada e drapeado à esquerda,
IMP PROBVS AVG
Rev. O Sol a conduzir uma quadriga galopando para a esquerda,
SOLI INVICTO  XXIQ
(Ref. Alfodi-76-60)

Probo-Antoniniano cunhado em Roma 276-282
Anv. Probo com coroa radiada e drapeado, com um cetro na mão direita,
IMP C M AVR PROBVS P AVG
Rev. O Sol conduzindo uma quadriga de frente,
SOLI INVICTO   OSRB
(Ref. RIC-204v)

Probo-Antoniniano cunhado em Ticine (atual Pavia) em 278
Anv. Probo com coroa radiada e drapeado, com um cetro ma mão direita,
IMP PROBVS P F AVG CONS II
Rev. O Sol no interior dum templo distilo,
SOLI INVICTO    SXXT
(Ref. RIC V-2, Ticinum-417, Pink-1949, pag.63)

Galério-Áureo cunhado em Nicomédia (atual Izmit, Turquia) em 294
Anv. Maximiliano laureado à direita,
MAXIMIANVS NOB CAESAR
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um chicote na esquerda,
SOLI INVICTO   SMN
(Ref. Calico-4948, Cohen-200)

Licínio I-Follis cunhado em Nicomédia em 312
Anv. Licínio laureado e drapeado à direita,
IMP C VAL LICIN LICINIVS P F AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e a cabeça de Serapis na esquerda,
SOLI INVICTO  SMN
(Ref. RIC VI-Nicomédia 77a)

Licínio I-AE 3 cunhado em Roma 314-315
Anv. Licínio laureado e drapeado à direita,
IMP LICINIVS  P F AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um globo na esquerda,
SOLI INVICTO COMITI (Sol Invencível Companheiro)
(Ref. RIC 7-Roma 29)

Maximino II (Daia)- Follis cunhado em Antioquia em 312
Anv. Maximino laureado e drapeado à direita,
IMP C GAL VAL MAXIMINVS P F AVG
Rev. O Sol saudando com a mão direita e a cabeça de Serapis  na esquerda,
SOLI INVICTO   ANT
(Ref. RIC VI-154)

Maximino II (Daia) Follis cunhado em Óstia em 312-313
Anv. Maximino laureado e drapeado à direita,
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um globo na esquerda,
SOLI INVICTO COMITI   HOSTT
(Ref. RIC VI-Óstia 90a)

Crispo-Follis cunhado em Londres em 317
Anv. Crispo laureado e drapeado à direita,
FL IVL CRISPVS NOB CAES
Rev. O Sol saudando com a mão direita e um globo na esquerda
SOLI  INVICTO   PLN
(Ref. RIC VII-113)

A última referência conhecida ao Sol Invictus data do ano 383, portanto no século XV este culto ainda tinha tantos adeptos que Santo Agostinho (354-430), achou necessário pregar contra eles.

É comummente aceite que a data do 25 de dezembro para comemorar o dia de Natal, foi escolhida para coincidir com as festividades romanas do “Dies Natalis Solis Invicti”, dia do nascimento do Sol Invencível.

Invictus (Invencível) era um atributo dedicado a numerosas divindades da religião romana clássica.
Entre alguns desses deuses havia: Júpiter (o pai dos deuses): Marte (o deus da guerra): Apolo (na Roma antiga o deus do sol e patrono da verdade): ou ainda Silvano (deus das florestas).

Invictus foi invocado desde o III século a.C., e já estava bem estabelecido enquanto título de um culto quando foi aplicado à Mitra por volta do II século a.C.
A mais antiga referência ao Sol Invictus encontra-se numa dedicação do ano 158 d.C..
“Soli Invicto deo ex voto suscepto accepta missione honesta ex nume(ro) eq(uitum) sing(ularium) Aug(usti) P(ublius) Aelius Amandus d(e) d(icavit) Tertullo et Scerdoti co(n) s(ulibus) “.

Significa que: Publius Aelius Amandus fez esta dedicação ao Sol Invicto, em acordo com o voto que fizera após a sua dispensa honrosa da guarda equestre do imperador, durante o consulado de Tertullus et Sacerdos.
Outra menção ao Sol Invictus, data do fim do II século da nossa era, inscrita numa “phalerae romana” com a inscrição “inventori lucis soli invicto augusto”: ao inventor da luz Sol Invictus Augusto.

Constantino I e o Sol Invictus
Constantino : Multiplo em ouro de 9 sólidos cunhado em Ticinum (Pávia) ou Tarragona (Espanha) ? no ano 313 ,

Anv. Bustos à esquerda do Sol Invictvs com coroa radiada (raios do Sol) e Constantino laureado e couraçado com uma lança no ombre direito , escudo oval no braço esquerdo com a quadriga solar galopando, CONSTANTINVS MAX(imvs) AVG(VSTVS

Rev.Constantino a cavalo para a esquerda leventando a mão direita. Ele é precedido por uma Vitória e seguido por um soldado com uma insígnia, para comemorar a sua “vitória da Ponte Mílvia” “ou  a chegada de Constantino a Milão?. FELIX ADVENTVS AVGG(vstorvm NN(ostrorvm).

(Ref. RIC  111 (pg.296)

O Sol Invicto foi representado em moedas de muitos imperadores e com diversas legendas, todavia foram poucos que utilizaram nas legendas o epíteto Comiti.

Nas moedas de Constantino I, o Sol aparece com muita frequência com a legenda “SOLI INVICTO COMITI”, que nos mostra claramente que o Sol era companheiro do imperador.

Constantino I-Follis cunhado em Trévores em 310-313
Anv. Constantino laureado e drapeado à direita,
CONSTANTINVS P F AVG
Rev. Constantino sob os traços do Sol
SOLI INVICTO COMITI
(Ref. RIC VI-893)

Constantino I- follis cunhado em Londres 310-312
Anv. Constantino laureado e drapeado à direita,
CONSTANTINVS P F AVG
Rev. O Sol com um globo na mão direita e um chicote na esquerda,
COMITI AVG  PLN
(Ref. RIC VI-169)

Constantino I-Múltiplo de ouro cunhado em Ticino 320-321
Anv. Constantino com coroa radiada à direita,
IMP CONSTANTINVS SPV AVG
Rev. O Sol a coroar Constantino, este com
um globo na mão direita e um cetro na esquerda,
SOL INVICTO COMITI  SMT
(Ref. RIC VII-98 (Ticinum),C 16)

A propaganda monetária, insiste no fato que o Sol é companheiro privilegiado do imperador, ao qual transmite o seu poder e suas virtudes.
“Astro invencível”, “soberano do mundo e dos elementos”, “regulador cósmico”,”ser imortal e eterno”, o Sol é o grande rei celestial e o imperador romano seu vigário na terra .

No dia “7 de março do ano 321”, Constantino I decretou que o dia do SOL “le Dies Solis” seria o “domingo”.

Manuel Geada

Catherine Salles : Le culte de Sol invictvs « Soleil invaincu), éditions du temps, Paris 1997.

 Christol, M & Nony, D. : Rome et son empire, éditions Hachette, Paris 2003

Mr. Lauyan : Catalogue Photografique Monnaies Romaines Solaires.

S. Hijmans : Sol  Invictvs , the winter Solstice and the Origins of Chrismas Mouseion, III-3, 2003, pp377-398. of cris.

Robert Turcan : Héliogabale ou le sacre du soleil, éditions Albin Michel, Paris 1985.

Paul Veyene : L’Lmpire Gréco-romain, éditions Hachette, Paris, 2003.

J. Toutain: Les cultes paiens dans L’Empire Romain, Paris, 1907.


domingo, 30 de outubro de 2022

 

Vénus – Prostituição Sagrada (2)  

Vénus:

Deusa do Amor e da Beleza, foi uma das figuras mais veneradas na antiguidade. Para os romanos , ela representou o ideal da beleza feminina.

Na era romana, seria seria a vez de Afrodite ser a influência, dando origem à sua equivalente romana a Deusa Vénus.

Segundo a mitologia romana filha do Céu e da Terra, é a deusa da formosura e do amor: para os romanos ela representou o ideal da beleza feminina.

Um dos dois templos que lhe foram dedicados na Roma Antiga, foi erguido no Monte Quirinal no ano 184 a.C..

Faustina I – Áureo (póstumo, cunhado em Roma no reinado do seu esposo (Antonino Pio) 147-175.

Anv.  Faustina busto drapeado à direita com um diadema de pérolas na cabeça.  FAVSTINAI  AVG PII AVG FIL.

Rev. Vénus em pé à esquerda com uma macã na mão direita e um leme na esquerda – VENVS.

Vénus foi uma das divindades mais veneradas na antiguidade e com muitas formas de representação artística, daí ser considerada pelos antigos gregos e romanos como a deusa do erotismo, da beleza e do amor.

O primeiro templo que lhe foi dedicado foi construído após a segunda Guerra Púnica, 218 - 201 a.C. . Nele eram recebidas as meretrizes (mulheres que praticavam o sexo em troca de dinheiro) e de tanta popularidade que ganhou,  este foi-lhes consagrado.

A “Prostituição Sagrada” ou sexo ritualístico, era uma prática ligada à religião na qual as mulheres comuns e sacerdotisas “prostitutas sagradas”, tinham relações sexuais com quem as procurasse tendo como objectivo ser abençoado com fertilidade, seja para si, esposa, filhos, terras ou animais. Por essas razões sexuais elas recebiam um pagamento que era oferecido à divindade ou ao templo.

Denário de P. Licinivs cunhado em Roma no ano 55 d.C.

Anv. Buste de Vénus à direita

Rev.  Figura feminina em pé segurando um cavalo pelas rédeas, capaceto e couraça a seus pés.  P CRASSVS  MF

As sacerdotisas eram escolhidas nas famílias patrícias romanas: para estas era uma honra ter uma familiar ao serviço da deusa. A imagem da deusa também esteve ligada à proteção da castidade feminina, jardins e campos. O seu culto ganhou tanta popularidade entre o povo romano, que foram construídos inúmeros templos em todos os territórios dominado por Roma.

Numa outra versão, o primeiro templo conhecido dedicado a Vénus foi prometido por Q. Fabius Gurges para agradecer uma vitória alcançada contra os Samnitas: (três conflitos entre a Republica romana e estes povos).

Inaugurado no ano 295 a.C. , num local próximo do Monte Aventino, foi financeado por multas impostas às mulheres romanas por delitos sexuais. Seus ritos e carácter foram provavelmente influenciados ou baseados nos cultos da Afrodite grega.  

Júlio César – Denário cunhado em Espanha, 46-45 a.C.

Anv. Busto de Vénus à direita com diadema e colar de pérolas  

Rev. Troféu de guerra entre dois cativos  -  CAESAR


Manuel Geada

http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364334608_ARQUIVO_trabalhocompleto.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%AAnus_(mitologia)

https://www.todamateria.com.br/deusa-venus/

https://fr.wikipedia.org/wiki/Empereur_romain

https://www.wildwinds.com/coins/rsc/licinia/t.html

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 


 PUTEAL ESCROBONIANO (OU POÇO DE ESCRIBÔNIO)

A origem desta construção é explicada por Babelon (1).
Segundo uma lenda, na Roma antiga os locais atingidos por relânpagos eram sagrados.
Lucius Scribonius Libo (Lúcio Escribônio Libão) terá sido mandatado pelo Senado para localizar e registar todos os locais atingidos por este fenómeno atmosférico.

O átrio do templo de Minerva também foi atingido por um raio.
Como então se pensava que os deuses proibiam a cobertura desses locais, Escribôrnio teve a ideia de aí mandar abrir um poço, para que mais ninguém lá pudesse edificar qualquer construção.

O poço de Escribônio foi redescoberto em 1950, aquando de escavações perto do Arco de Actiun.
Este poço foi cunhado em emissões monetárias de L. SCRIBONIVS LIBO e LVCIVS AEMILIVS LEPIDVS PAVLLVS
no ano 62 a.C..

Na sua representação, o poço está ornamentado com uma grinalda de folhas de loureiro ladeadas por duas liras, tenaz, ou martelo.
(1)Numismata e arqueólogo francês do século XIX).

República Romana - Denário cunhado em Roma no ano 62 a.C.
Anv. Bonus Eventus (Bons Eventos) com diadema à direita
BON EVENT LIBO
Rev. Poço de Escribônio ornamentado com uma grinalda de folhas de loureiro, duas liras e tenaz
PVTEAL SCRIBON
(Ref. Sydenham-928; Crawford 416/1b)

República Romana – Denário cunhado em Roma em 62 a.C.
Anv. Concórdia com diadema e véu à direita
PAVLLVS LEPIDVS CONCORD
Rev. Poço de Escribônio ornamentado com uma grinalda de folhas de loureiro, duas liras e martelo
PVTEAL SCRIBON LIBO
(Ref. Sydenham-927; Crawford-417/1ª)

M.Geada

Bibliografia

terça-feira, 20 de setembro de 2022

 

Afrodite - Prostituição Sagrada (1)

        
         Ruinas do Templo de Afrodite em Afrodísias 

Afrodite: Deusa do amor, beleza e sexualidade, na antiga religião grega.

Históricamente o seu culto na Grécia Antiga foi importado da Ásia, influenciado pelo culto de Astarte na Fenícia, e da deusa Instar ou Inana, antiga deusa Mesopotâmica dos acádios. Ambas eram deusas do amor, e seus atributos e rituais foram incorporados no culto grego a Afrodite.

Tetradracma cunhado em Cnide – 390-340 a.C.

Anv. Busto de Afrodite com colar e brincos.

Rev. Cabeça de leão rugindo.

O principal festival de Afrodite chamado de Afrodísia, era celebrado em toda a Grécia: ocorria durante o mês de Hekatombaion, terceira semana de junho à terceira semana de julho no calendário gregoriano.

Algumas fontes textuais mencionam que o festival em Corinto e Atenas, as prostitutas que residiam nestas cidades comemoravam o evento, como um meio de adorar a sua Deusa padroeira.

 Nos templos de Afrodite ter relações sexuais com as suas sacerdotisas (prostitutas) foi considerado um método de adoração à deusa. Esse ritual é conhecido como “prostituição sagrada”, e as sacerdotisas utilizavam o dinheiro que recebiam para preservar os templos dedicados à Deusa.

Estáter cunhado em Nágidos (Cilícia) 400-385 a.C.

Anv. Afrodite sentada à esquerda com uma pátera na mão direita.

A seu lado Eros em pé à esquerda.

Rev. Dionísio barbudo, com manto no braço esquerdo.

e um cacho de uvas na mão direita  - NAΓI – ΔEΩN .

Segundo Heródito (historiador grego 485-425 a.C.), o costumo mais vergonhoso entre os antigos babilônicos, era a obrigação para toda a mulher (normalmente antes do casamento), sentar-se num templo de Afrodite uma vez na vida para se prostituir com um estrangeiro. 

 A mulher ali sentada para regressar a sua casa, tinha que esperar que um estrangeiro lhe atirado com o dinheiro para os joelhos, (o dinheiro não podia circular de mão em mão), e se tenha unido com ele no exterior do templo.

Não havia um preço estabelecido, o homem dava o dinheiro que queria  e ela não tinha o direito de recusar, porque o dinheiro era sagrado e entregue ao templo.

As mulheres mais belas podiam regressar rapidamente a suas casas, enquanto que as menos atraentes eram obrigadas a ficar ali (por vezes semanas) até que algum homem as escolhesse para o acto sexual e assim pagar o seu contributo à deusa. 

Segundo uma lenda acreditada pelo geógrafo Estrabão (63 ou 64 a.C. – 21 d. C.), o santuário de Afrodite em Corinto era tão rico que chegou a ter mais de mil prostitutas sagradas a trabalhar para a deusa, “as Hiéródulas” oferecidas por homens e mulheres dedicadas ao culto da Deusa. Por este motivo a cidade ficou muito povoada e  próspera.

Manuel Geada

 https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1701200506.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Poderosa_Afrodite

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1701200506.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Afrodite

https://www.historia.fr/corinthe-chez-les-filles-daphrodite